GENÉTICA DAS CORES

LUTINOS

Uma das mais belas mutações destas aves - o Lutino.

Criada diversas vezes durante o século dezanove, só foi definitivamente fixada nos anos trinta do século passado.

Cria

Os Lutinos têm uma tonalidade fortemente amarela e olhos vermelhos.

A cera dos machos adultos é de cor púrpura, ao contrário do azul normal.


A cera das fêmeas é de cor acastanhada como é normal. O bico do macho e da fêmea é amarelo forte e a pele das patas é cor de rosa claro tal como acontece com os Albinos.


Esta variedade é recessiva relacionada com o sexo, como podemos observar na tabela de expectativas que se segue:



Casal (/ significa portador)

Expectativas

Macho Lutino × Fêmea Lutino

Machos Lutino
Fêmeas Lutino

Macho Lutino × Fêmea Normal

Machos Normais/Lutino
Fêmeas Lutino

Macho Normal/Lutino × Fêmea Lutino

Machos Lutino
Machos Normais/Lutino
Fêmeas Lutino
Fêmeas Normais

Macho Normal/Lutino × Fêmea Normal

Machos Normais/Lutino
Machos Normais
Fêmeas Lutino
Fêmeas Normais

Macho Normal × Fêmea Lutino

Machos Normais/Lutino
Fêmeas Normais

Macho Normal × Fêmea Normal

Machos Normais
Fêmeas Normais



Macho

Fêmeas


MALHADO RECESSIVO

O aparecimento de periquitos malhados remonta ao inicio dos anos de 1920 mas, a primeira mutação a ser totalmente estabelecida quando um "estranho" macho verde e amarelo foi exposto em Copenhagen em 1932.


Estas aves são muito coloridas e, geralmente, é esse brilho de coloridos que atrai a maioria dos criadores. No entanto, como é uma mutação recessiva é mais difícil criar esta variedade de acordo com o standard de exposição.


O malhado é recessivo para o Normal e o seu método de produção age como um gene simples recessivo auto somático. Neste caso, Normal significa qualquer periquito que não seja malhado. Assim, a tabela de expectativas de cruzamentos é a seguinte (independentemente da cor ou do sexo):


Casal (/ significa portador)

Expectativas

Malhado Recessivo × Normal 100% Normal/Malhado Recessivo
Malhado Recessivo × Normal/Malhado Recessivo 50% Malhado Recessivo
50% Normal/Malhado Recessivo
Malhado Recessivo × Malhado Recessivo 100% Malhado Recessivo
Normal/Malhado Recessivo × Normal/Malhado Recessivo 25% Malhado Recessivo
50% Normal/Malhado Recessivo
25% Normal
Normal/Malhado Recessivo × Normal 50% Normal/Malhado Recessivo
50% Normal


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Malhado recessivo verde claro
Deve ter-se em conta que esta variedade não está dependente do sexo, por isso, na tabela acima não interessa que genótipo tem cada ave (macho ou fêmea), aplicando-se as expectativas a qualquer um dos sexos. Em alguns casos os Normal/Malhado Recessivo , apresentam um pequeno pontos sem riscas na parte de trás da cabeça.


Os especialistas repararam logo de inicio que a única forma de fazer progressos nesta variedade seria cruzando os seus melhores Malhados Recessivos com os melhores Normais que tivessem. Deste cruzamento seriam obtidos portadores de boa qualidade para voltar a cruzar com os melhores Malhados Recessivos, obtendo desta forma bons Malhados Recessivos.





Sexagem:


A distinção do sexo, nesta variedade, é semelhante à dos lutinos e albinos, ou seja, as fêmeas apresentam a cera do bico de cor castanha, enquanto que os machos, ao contrário do que é normal, apresentam a cera de cor púrpura ou rosada, tal como acontece nos lutinos e nos albinos. Além disso, a própria cor do bico é de uma tonalidade amarela alaranjada bastante viva. Por este motivo, é difícil identificar o sexo de aves muito jovens, uma vez que inicialmente todas as aves têm a cera do bico de cor rosada, parecendo todas machos. Será necessário esperar pela primeira muda da pena, que acontece por volta dos 3 meses de vida, para podermos precisar o sexo de uma ave desta variedade.

Image



PERIQUITO DE FACE NEGRA


Foi em 1992 que o Sr. Van Dijk descobriu dois machos azuis com mascaras pretas onduladas e faixas pretas no seu peito. Ele decidiu comprar as aves e acasala-las. No primeiro ano as aves foram acasaladas com fêmeas cinzentas normais. Destes acasalamentos nasceram aves azuis e cinzentas normais.
No ano seguinte, acasalou os machos originais com as suas descendentes, somente um casal produziu algumas crias de face negra.

Após este teste, o Sr. Van Dijk, concluiu que esta mutação era recessiva, de momento ainda não há que provem que esta mutação esteja ligada à alguma outra, uma curiosidade e que nestas crias, portadoras recessivas, encontrou-se uma com um ponto branco na cabeça. De acordo com o Sr. Van Dijk criar face negra não e assim tão fácil. De momento ele possui 13 faces negras e muitos portadores, ou possíveis portadores.

Para estabelecer esta mutação num bom standard levará muito tempo, e talvez fosse melhor o Sr. Van Dijk doar alguns faces negras à outros criadores para eles os criarem. Na minha opinião é a única maneira segura de estabelecerem esta mutação.

Eu perguntei a mim próprio o que aconteceria se estas aves adoecem-se. A mutação perderia-se e talvez a esperança de um dia haver mais faces negras iria com ela.

Possíveis acasalamentos:
Face negra x normal = 100% normal / face negra
Normal/face negra x normal/face negra 25% normais, 50% normal/face negra, 25% face negra
Face negra x normal/ face negra = 50% normal/, 50% face negra
Normal/ face negra x normal = 50% normal, 50% normal/ face negra
Face negra x face negra = 100% face negra




ALBINISMO

Como é sabido o periquito ondulado apresenta diversas cores, tamanhos e variações na disposição das penas. Hoje falaremos de um factor de coloração, o albinismo, que tem vindo a tornar-se cada vez mais raro.
Os periquitos albinos são caracterizados por terem as penas completamente brancas com, por vezes, reflexos azulados, os olhos vermelhos, o bico amarelo claro, as patas cor de rosa e o facto de os machos não terem a cera azul mas púrpura. É um pássaro que, embora não apresente cores variadas como quase todos os seus congéneres, é extremamente atraente, especialmente quando em bandos, contrastando com quase tudo à sua volta.
Então porque é que tem vindo a tornar-se tão raro? A resposta é simples: é difícil arranjar machos e o tamanho destas aves é o chamado normal e não o inglês, o utilizado no estalão. Mas será assim tão difícil obter pássaros de qualidade de ambos os sexos? Esta mutação é, tal como o opalino, o canela, o asas de renda (ou lace-wing), o lutino e muitos outros, recessiva de características ligadas ao sexo. Por isso existem muitas fêmeas. Ao contrário dos machos, estas não podem ser portadoras. Porquê? Nos mamíferos os cromossomas sexuais são representados por XY para os machos e XX para as fêmeas. Ora nos pássaros a situação inverte-se (Z=Y, W=X): os machos são WW e as fêmeas são WZ. Ora o albinismo encontra-se no cromossoma W. Visto a fêmea só ter um cromossoma W não pode ser portadora, ou é albina ou não é. O macho por ter 2 cromossomas W pode ser portador de albino, albino ou não ter nada a ver com a mutação. Assim os seguintes cruzamentos, nos quais se utilizarão a cor azul para cruzar o albino, poderão ser utilizados (/ significa portador):



Macho Albino x Fêmea Albino = 100% Albino


Macho Albino x Fêmea Azul = 50% Machos Azul/Albino

50% Fêmeas Albino


Macho Azul/Albino x Fêmea Albino = 25% Machos Azul/Albino

25% Machos Albino

25% Fêmeas Azul

25% Fêmeas Albino


Macho Azul/Albino x Fêmea Azul = 25% Machos Azul

25% Machos Azul/Albino

25% Fêmeas Azul

25% Fêmeas Albino


Macho Azul x Fêmea Albino = 50% Machos Azul/Albino

50% Fêmeas Azul


Macho Azul x Fêmea Azul = 100% Azul


Mas estes cruzamentos significam ter de utilizar periquitos albinos. E se não for possível encontrá-los, não se poderão utilizar outras cores para obtê-los? A resposta é sim. Neste caso terão de se encontrar dois casais, para evitar a consanguinidade quando se cruzarem os filhos. Os machos deverão ser lutinos (ave igual ao albino mas amarela com algumas penas nas asas e na cauda brancas e uma mancha branca em cada lado da face - ver imagem superior) e as fêmeas azuis. Os resultados serão:


Macho Lutino x Fêmea Azul = 25% Machos Verde/Azul, Lutino (ou Albino)

25% Machos Azul/Albino

25% Fêmeas Lutino

25% Fêmeas Albino


Note-se que no caso da ave ser verde dá lutino ou albino. Porquê? O periquito verde tem dois tipos de pigmentos, as melaninas (que dão a cor preta, azul e roxa) e as carotenóides (que dão a cor amarela). Se retirarmos as melaninas a ave é amarela. Se retirarmos as caretenóides, a ave é azul. Se retirarmos os dois pigmentos a ave é branca. Ora o gene Lutino/Albino caracteriza-se por retirar as melaninas de todo o corpo (sendo que a cor dos olhos e das patas vem do sangue, enquanto o bico e a cera não têm nenhum destes dois pigmentos apesar de continuarem coloridos). Então como é que aves tão diferentes podem ter o mesmo gene? A resposta é simples: o Lutino pertence ao grupo dos verdes ou amarelos, ou seja tem carotenóides. O albino pertence ao grupo dos azuis ou brancos, ou seja não tem caratenóides. Note-se ainda que o primeiro grupo é dominante em relação ao segundo, ou seja a presença de caratenóides é dominante em relação à sua ausência. Voltando aos cruzamentos, escolheremos os machos azuis (para evitar o aparecimento de pássaros lutinos em vez de albinos) e as fêmeas albinas, fazendo a troca de modo a evitar cruzar irmãos. O resultado será o referido anteriormente para o cruzamento: Macho Azul/Albino x Fêmea Albino. Obteremos assim a cor tão desejada pelo leitor.